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O projétil do tiro de policial militar que atingiu uma mulher à queima roupa não foi levado para perícia até esta quarta-feira (18). Com isso, ainda não foi possível identificar qual tipo de munição utilizado pelo PM no final de semana. A Polícia Militar afirma que o disparo foi feito de arma de menor potencial ofensivo. Um especialista em segurança também disse acreditar que o policial usava munição “não letal”.
“Baseando nas imagens nós podemos prever algumas coisas. Primeiro que efetivamente a munição utilizada nessa ocorrência possivelmente é não letal, pois a pessoa atingida saiu andando e foi amparada mais à frente”, disse o especialista em segurança Guelfo Pescuma Júnior.
Especialista crê em munição ‘não letal’ em tiro à queima roupa de PM contra mulher em Passos (MG) — Foto: Reprodução/EPTV
Até esta publicação, o projétil ainda estava na Santa Casa de Passos, hospital onde Maria Célia de Jesus Gomes, de 49 anos, foi operada e segue internada em estado estável após cirurgia. Questionada, a Polícia Civil não respondeu, até a última atualização desta reportagem, porque a perícia ainda não recolheu a munição.
O advogado de Maria Célia diz que a vítima queria saber sobre o filho, que era preso no momento em que ela levou o tiro. O defensor destaca que a cliente não oferecia nenhum tipo de risco para que o policial efetuasse o disparo.
“É uma mãe que foi saber do filho que tinha acabo de ser preso em meio a tiros”, disse o advogado Roberto Junqueira.
“Graças a Deus a família pode contar com essa imagem, porque se não ia prevalecer a versão dos policiais, que dão a entender que tudo isso se passou dentro da residência da vítima. Na verdade, essa imagem mostra claramente foi feito na rua, com vítima a um metro de distância do policial que atirou, com as mãos limpas, de frente para ele, sem apresentar nenhuma arma, sem representar nenhuma ameaça”, completou o defensor.
Roberto Junqueira salienta que a munição de borracha, que teria sido utilizada pelo policial, deve ser usada com distância mínima de 20 metros e não à queima roupa, como no caso de Maria Célia.
“É uma munição que deve ser usada com uma distância mínima de 20 metros. E ela foi usada à queima roupa”, falou.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais (OAB-MG), Rômulo de Carvalho Ferraz, explicou os pedidos feitos pela OAB sobre o caso.
“Vamos adotar aquelas providências cabíveis em casos dessa espécie, que seriam a comunicação ao MP local para apuração dos fatos, parece que já há uma apuração da PC e também uma comunicação para providência da Corregedoria da Polícia Militar. Confiamos que essas apurações levarão à apuração dos fatos e a eventual responsabilização, se assim determinarem as instituições”, disse.
O filho da vítima, Vinicius Péricles de Jesus Gomes, de 21 anos, foi preso suspeito de cometer o crime de extorsão mediante sequestro e encaminhado ao Presídio de Passos.
Conforme nota oficial enviada à EPTV, afiliada Rede Globo, a Polícia Militar de Minas Gerais instaurou um procedimento administrativo para apurar a atuação do policial militar. “O prazo segue o devido processo legal previsto pelo código penal militar e instruções internas. Não houve afastamento do militar de suas funções”, disse a PM.
A Polícia Militar informou que durante a prisão de um dos autores, o jovem de 21 anos, houve uma resistência dele e também por parte dos familiares e que eles teriam conseguido tirar a arma das mãos dos militares, sendo então necessário o uso moderado da força, com disparo de arma de menor potencial ofensivo, no caso a bala de borracha, que atingiu a mãe do autor na altura do abdômen.
Policial militar atira à queima roupa em mulher durante prisão do filho dela em Passos (MG) — Foto: Reprodução/EPTV
As imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento em que o policial militar atirou à queima roupa na mulher, enquanto o filho dela era abordado pela polícia. Logo depois, ela sai andando e é amparada pelo marido. A mulher foi socorrida pelos próprios policiais até o hospital.
“A Polícia Civil durante esta semana tomou conhecimento do crime que ocorreu na zona rural de Passos, foram presos quatro indivíduos e atuados em flagrante pelo delito de extorsão mediante sequestro, roubo e porte de armas. A princípio, há várias diligências a serem elucidadas e realizadas para melhor apuração dos fatos”, disse o delegado Matheus Ponsancini.
O delegado disse ainda que em relação à conduta dos militares, deverá ser analisado se o crime é de atribuição da Justiça comum ou da Justiça Militar.
Fonte: G1 Sul de Minas