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O cenário econômico tem se mostrado incerto desde o começo da pandemia do novo coronavírus em meados de março de 2020. Comércios fecharam e serviços pararam. Muitas pessoas foram demitidas. Entretanto, mesmo em meio a este cenário adverso, empresários do Sul de Minas resolveram apostar, empreender e ainda gerar empregos.
O G1 conversou com três empresários que encontraram no empreendedorismo uma forma de minimizar os impactos da pandemia. Os casos são de Poços de Caldas, Passos e Alfenas.
Empresária abriu lavanderia em Poços de Caldas após retornar dos Estados Unidos durante a pandemia — Foto: Arquivo Pessoal
Em Poços de Caldas (MG), a empresária Rosiane Domingues e o marido Weverton Couto de Carvalho deixaram os Estados Unidos para retornar ao Brasil com seus filhos. Eles abriram uma lavanderia em novembro de 2020, durante a pandemia.
Este é o primeiro negócio de Rosiane. Segundo a mais nova empresária, foram investidos cerca de R$ 400 mil no novo negócio. A expectativa é recuperar o investimento até o final de 2021.
“Estes primeiros meses da nossa empresa estão melhores que o esperado. Acho que era uma necessidade que já existia na cidade. Com a qualidade e o conforto que nós já oferecemos, está indo tudo muito bem”, comemora.
Além do bom andamento do negócio, Rosiane acredita que o fato de ser dona do imóvel ocupado pela empresa foi uma tranquilidade a mais na hora de investir. Hoje ela conta com três funcionários de carteira assinada.
Assessora política abriu restaurante em Passos após perder emprego por causa da pandemia de Covid-19 — Foto: Arquivo Pessoal
A pandemia também mudou a vida de Vanessa Cristina Santos em Passos (MG). De assessora política, Vanessa começou a fazer quitutes e decidiu inaugurar um restaurante com a ajuda de familiares.
A empreendedora começou a fazer bolo e massa de pão de queijo para ajudar no orçamento familiar, depois que o marido teve o salário reduzido por causa da pandemia. Em dezembro de 2020, ela perdeu o emprego e encontrou na culinária uma nova oportunidade para manter a renda familiar.
“Fiquei desempregada e meu cunhado também. Ele tinha algumas economias e eu tinha o meu seguro desemprego. Nós então untamos nossas economias e com R$ 17 mil decidimos abrir o nosso próprio restaurante”, contou.
A dupla escolheu o local para abrigar o restaurante e alugaram o cômodo ainda em dezembro. Durante todo o mês de janeiro, eles foram adquirindo os equipamentos necessários.
Com a ajuda da mãe, que já era cozinheira, e da irmã e sócia Andressa Galvão de Souza, Vanessa inaugurou seu restaurante no dia 1 de fevereiro de 2021. A nova empresária emprega atualmente duas pessoas. Para a empresária, mesmo com medo e insegurança, vale a pena empreender e aprender novas formas de trabalhar.
“No primeiro dia funcionamos apenas com delivery porque não conseguimos comprar termômetros e outros equipamentos obrigatórios de prevenção à Covid-19. Nos outros dias já abrimos com os clientes na loja”, afirmou.
Família mudou de Alfenas para Carmo do Rio Claro para empreender durante a pandemia — Foto: Arquivo Pessoal
José Arnaldo e Aline Mendes são casados há anos. Eles e as três filhas moravam em Alfenas (MG). José tinha seu próprio micro-ônibus e fazia o transporte escolar de alunos na cidade. Quando a pandemia chegou, ele perdeu o emprego com o cancelamento das aulas.
E foi neste momento conturbado, que ele recomeçou sua vida em Carmo do Rio Claro (MG). José era aluno de uma franquia de academia em Alfenas e pensou em abrir uma unidade em uma cidade que ainda não possuía a marca.
“Para montar o negócio, a única coisa que eu tinha em meu nome era a minha casa. Então decidi vende-la e em menos de 30 dias já tínhamos o dinheiro necessário. Foi por Deus, mesmo”, disse.
José investiu cerca de R$ 100 mil com a mudança de cidade e a montagem da academia. Ele, a esposa e os filhos deixaram a vida em Alfenas na esperança de um futuro melhor na cidade.
A academia foi inaugurada em dezembro do ano passado. Ele estima que em seis meses já terá recebido o retorno do investimento, uma vez que ele sempre acreditou na força do setor das academias, que segue em expansão mesmo durante a pandemia.
“O que eu mais tive foi medo, mas tem sido uma experiência muito positiva. Inauguramos com 108 alunos e 41 dias depois da abertura já estamos com 203 alunos”, comemorou.
Apesar do sucesso do novo empreendimento, José acredita que a pandemia tem atrapalhado as atividades externas entre os seus alunos.
“A pandemia nos priva de fazer mais ações que unem nossos alunos, fazer amizades e promover eventos. Muitas coisas poderiam ser feitas e por causa da pandemia, não conseguimos pôr em prática”.
O empresário pensa em abrir outra unidade de sua academia em Conceição da Aparecida (MG) em 2021.
Para o economista e professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), Fernando Batista Pereira, o mercado formal de trabalho está retraído e os microempreendimentos e as atividades autônomas são uma saída natural.
Ele comentou que a crise não afeta todos os setores da economia de forma homogênea. “Alguns setores e determinadas atividades conseguiram ter ganhos mesmo nos momentos mais graves da crise que a gente viveu no ano passado. Muitas empresas aproveitaram aquele momento de lockdown mais restritivo no período de maio a junho para empreender e se deram bem”, afirmou.
Ainda de acordo com Fernando, a população da região é mais empreendedora do que os locais como Campinas (SP) e Belo Horizonte (MG).
“A população é muito mais empreendedora do que os outros locais em que eu morei. Talvez isto se deva pela formação local com imigrantes turcos e árabes, que podem ter gerado essa característica. O empreendedorismo está muito presente nas pessoas aqui, independente da crise”, observou.
Empreendedores arriscam e geram empregos durante a pandemia no Sul de Minas — Foto: Reprodução/EPTV
Esse espírito empreendedor foi confirmado por um levantamento publicado pelo Sebrae em janeiro de 2021. Segundo as informações divulgadas, o Sul de Minas fechou o ano de 2020 com 141.372 microempreendedores individuais.
Os números representam um aumento de 15% em relação a janeiro, quando a região tinha pouco mais de 122 mil MEI’s. A diferença foi de 20.659 formalizações e fez do Sul de Minas, a terceira região do estado com o maior saldo de formalizações no segmento. A região fechou 2020 atrás apenas das regiões Central e Zona da Mata.
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