Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
Basta escrever agiota no campo de busca do Instagram para ter acesso a uma grande lista de supostos profissionais que oferecem serviço de empréstimo de dinheiro sem muita burocracia.
Agiota Sabrina, agiota Marcos, agiota João Pedro, agiota Bernardo, agiota Aline: teoricamente de cara limpa e muitas vezes com fotos produzidas, os “experts” compartilham imagens de viagens, carros de luxo, maços de dinheiro e momentos em família, muitas vezes na companhia de crianças.
Além disso, há centenas de propagandas promovendo o negócio, prints de transferências bancárias e vídeos de “clientes” agradecendo pelos serviços prestados. Vários deles têm milhares de seguidores.
“Trabalho sério e sem enrolação, liberação em até 30 minutos, sem consulta Serasa, sem burocracia, online, crédito para negativados, menores juros do mercado.”
O chamariz varia de perfil para perfil, mas os alvos são os mesmos: pessoas que precisam de crédito e não têm acesso aos meios legais, como bancos.
Na verdade, os perfis não são de agiotas, mas de golpistas. O g1 entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), e o órgão informou que a Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) irá apurar a possível prática de crimes e identificar os responsáveis.
Perfil de estelionatário que utiliza fotos de pessoas comuns para consumar golpes — Foto: Reprodução/Instagram
Perfil de estelionatário que utiliza fotos de pessoas comuns para consumar golpes — Foto: Reprodução/Instagram
Perfil de estelionatário que utilizou foto de apresentador norte-americano — Foto: Reprodução/Instagram
A fim de simular operações com os estelionatários, o g1 (canal de nóticias da Globo) entrou em contato via WhatsApp com alguns deles. As estratégias utilizadas em cada um dos perfis são muito semelhantes entre si.
A maioria dos DDDs dos telefones é o 11, que remete a cidades do estado de São Paulo, principalmente as da região metropolitana.
g1 simulou empréstimo com golpistas — Foto: Reprodução
g1 simulou contato com golpistas — Foto: Reprodução
g1 simulou empréstimo com golpistas — Foto: Reprodução
O g1 conversou com a advogada Lucie Antabi, especialista em direito penal econômico pela FGV, e com o advogado criminalista Daniel Bialski. Os dois foram categóricos: agiotagem é crime.
A advogada, que atua no Damiani Sociedade de Advogados, também disse que a prática pode ser enquadrada no artigo 4º da lei é 1.521 de 1951, a Lei de Crimes Contra Economia Popular, que descreve o delito como sendo o ato de cobrar juros e outros tipos de taxas ou descontos superiores aos limites legais ou realizar contrato abusando da situação de necessidade de outra parte para obter o lucro excessivo. A pena é de seis meses a dois anos de detenção, além de multa.
“O desespero dessas pessoas faz com que elas procurem esses ‘agiotas’ para tentar um empréstimo, mas, na verdade, elas vão acabar caindo num golpe, porque esses estelionatários pedem esse dinheiro para poder criar um seguro-garantia e emprestar o dinheiro, mas, na verdade, eles vão receber o ‘seguro’ e sumir”, disse Bialski.
Segundo o advogado Daniel Bialski, as plataformas têm que se responsabilizar pelo fato de as vítimas estarem sendo alvo de golpes num ambiente teoricamente controlado.
“Elas têm que ser responsabilizadas por qualquer tipo de crime. Qualquer crime que aconteça na plataforma — seja um crime como esse, que as pessoas vão dar golpe, seja um crime de ofensa racial, seja um crime de pedofilia, qualquer tipo de coisa que que beira a marginalidade”, afirmou.
“A plataforma tem que ter seus próprios filtros para evitar. Sei que, em algumas situações, elas têm; outras, não. Mas eles têm que ser mais responsáveis por isso”, completou.
O g1 perguntou à Meta se a empresa tem conhecimento sobre a prática e se é comum liberar um nome de usuário com o nome popular de um crime (agiotagem).
Em nota, a Meta informou que atividades fraudulentas, que tenham como objetivo enganar, deturpar, cometer fraude ou explorar terceiros, não são permitidas na plataforma.
“Recomendamos que as pessoas denunciem quaisquer atividades suspeitas no Instagram através do próprio aplicativo”, diz o texto.
A empresa também compartilhou um tutorial de como denunciar conteúdos que possam estar violando as diretrizes do aplicativo:
“Ao denunciar uma conta ou publicação, suas informações não serão compartilhadas com a conta cuja publicação ou perfil você está denunciando”, informou.
Publicado por Weber Gomes
Registro Profissional (DRT) nº 07810/MG
Fonte: g1